Tudo na vida - inclusive a própria vida - tem um fim. É na nossa vida profissional, na nossa vida pessoal ou na política. Ou seja, em tudo. É natural. Acontece a tudo e a todos. É apenas o fim de uma etapa, ou melhor dizendo (vendo a coisa pela positiva), o início de uma outra. Não deve ser encarado com dramaticidade, mas sim com naturalidade.
O exercício de qualquer cargo político é um exemplo dessas “coisas da vida”. Tem, também, um ciclo: começa num dia e acaba noutro.
O mais importante é que quando esse dia chegar, essa hora do fim chegar, tenhamos a noção exacta da realidade, para, assim, podermos tomar a decisão mais acertada: sair com os nossos próprios pés.
Fecharmos nós próprios uma porta para abrirmos uma outra. E se formos nós a fazê-lo, não deixando que outros o façam por nós, fá-lo-emos da melhor forma: escolheremos, sempre, a melhor porta - a grande.
Aquela tentação amiúde de ficar agarrado ao lugar, por interesse próprio, por apego sentimental, por capricho, ou por outro motivo qualquer, deve ser evitada.
É a questão política da actualidade em Cabo Verde: terminou este ciclo do dr. José Maria Neves como PM ou ele vai tentar agarrar-se, a todo o custo, ao poder?
Indícios não faltam. Depois de dois mandatos, o nosso PM parece cada vez mais cansado. Já não tem mais “gana”. Não tem mais motivação. Não quer ser mais PM. É normal! Todos nós temos o nosso limite.
JMN foi, no primeiro mandato, um razoável PM. Já neste segundo, tem sido mau. Péssimo! Acertou, p.e, nalgumas infra-estruturas. Todavia, falhou, redondamente, na parte económica e social.
Fez estradas? Sim, mas esqueceu-se de pôr as pessoas, os carros e os bens a circularem nessas belas estradas. Fez hospitais? Sim, mas esqueceu-se dos profissionais (viu-se agora com a trapalhada no concurso dos médicos) que trabalham nesses mesmos hospitais. Electrificou ribeiras e cutelos? Sim, mas esqueceu-se da Electra, que até apelidou de “cancro”, e deu mais apagões aos grandes centros urbanos. Fez formação profissional? Sim, mas esqueceu-se de criar empregos. Fez aeroportos? Sim, mas esqueceu-se dos TACV e de barcos para transportar pessoas e escoar produtos entre ilhas. Esqueceu de muitas mais coisas: da justiça, da indústria, da segurança ou da delinquência infantil. Mas, esta é a mais imperdoável de todas: esqueceu-se da JUVENTUDE.
Ou seja, é evidente que JMN fez alguma coisa (também só faltava, em 10 anos, não fazer nada!). Pena é que foram poucas e tiveram como alvo o Estado, e não as pessoas.
JMN engordou o Estado. Gastou, nos últimos 9 anos, mais de 360 milhões de contos, e, mesmo assim, não conseguiu nem criar empregos e nem fazer crescer a economia.
Aliás, fez o contrário: desacelerou a economia (conseguiu a taxa mais baixa dos últimos 18 anos: apenas 3%!), e aumentou para 41 mil os desempregados (18 mil jovens!). E só no último ano, mandou 6 mil cabo-verdianos para o desemprego. É obra!
É este o PM de todas as cabo-verdianas e todos os cabo-verdianos? Um PM que prefere o Estado em vez do Homem? Um PM que sufoca empresários (o empresário Spencer Lima disse, numa entrevista, que o governo “cobrava impostos à força, à bruta, à kasu bodi”) e fecha empresas (vejam o caso Frescomar)? Um PM que esvazia as carteiras, as despensas e os frigoríficos das pessoas para encher os cofres do Estado e, depois, gastar à toa em betão? É este o PM que queremos para o nosso país? Decididamente não!
Verdade seja dita: JMN foi coerente consigo próprio, com a sua ideologia e com o seu pensamento. Pior é que vai terminar o seu segundo mandato (até que enfim!) sem nunca se ter apercebido que o seu modelo económico está, há muito, obsoleto. Está, há muito, falido. Falido, também, vai deixar o país, se é que já não está.
Podia, pelo menos, ter visto para alguns espelhos (Portugal, Espanha, ou Grécia), onde os seus “camaradas” - Sócrates, Zapatero e Papandreou -, os principais rostos da maior crise europeia de que há memória, estiveram a beira de levar (ou levaram?) os seus países à bancarrota devido a políticas completamente enviesadas, que só contribuíram para aumentar o desemprego, o défice e a dívida.
Já agora, por que será que são todos eles “camaradas”, assim como o nosso PM? Coincidência? Eu não acredito. Não será o mesmo risco que estamos todos a correr?
Finalmente e felizmente está a chegar a tal hora. A hora deste Governo prestar contas ao país. JMN, sem argumento, vai pedir mais um voto de confiança. Mas, será esta a vontade dos cabo-verdianos ou pensarão que terá mesmo chegado “a hora do fim do ciclo Neves”? Veremos daqui a seis meses.
Até breve!
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