Quando ouvi o carismático presidente Lula chamar um cabo-verdiano para lhe entregar o prémio Camões 2009, confesso que me emocionei. Foi arrepiante.
Ouvir o nome do meu país, o nome de um conterrâneo meu, numa cerimónia em que estavam presentes altas figuras da vida política e cultural da CPLP, foi um motivo de grande orgulho e satisfação. Não sei se um dia vamos ganhar um Nobel, mas para mim foi como se fosse.
Para os menos atentos, o Prémio Camões, que foi instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, é um prestigiado prémio literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa.
Miguel Torga, José Craveirinha, Jorge Amado, José Saramago (Nobel da Literatura), Pepetela, Sophia de Mello Breyner e Agustina Bessa-Luís, são alguns vultos da literatura que fazem parte dum restrito leque.
A partir de agora, temos um dos nossos nessa galeria de luxo: temos o nosso poeta Arménio Vieira. E com ele, Cabo Verde que, doravante, entra definitivamente no mapa literário, intelectual e cultural mundial.
Não é todos os dias que isto acontece. Não é todos os dias que Cabo Verde ganha um prémio internacional com esta dimensão.
Cesária (prémio Grammy de melhor álbum de World Music contemporânea), Suzanna (Kora Awards), Mayra (BBC Radio 3 World Music) e Tcheca (Radio France Internationale) ganharam com as suas belas melodias crioulas. Cidade Velha (Património Mundial da Humanidade) ganhou com a sua bonita e rica história. Arménio Vieira ganhou, agora, com os seus belos poemas em português. Que riqueza de Cultura!
É isto a dignificação da Cultura. É isto a dignificação da língua. É assim que as nossas línguas, o crioulo e o português, são dignificadas. É com a nossa escrita, com a nossa música ou, mesmo, com a nossa dança que as dignificamos.
Não com teimosices de oficialização. Não com discussões supérfluas. Não com preconceitos de primeira ou segunda língua. Mas sim com mais apoios. Com maior combate à pirataria e protecção dos direitos autorais. Com mais salas de espectáculos. Com mais bibliotecas. É isto que, de facto, interessa. O resto é conversa.
Lembro-me de duas frases ditas por Arménio aquando do anúncio do prémio: "Talvez compre uma bicicleta" e “Cabo Verde é maior que o Arménio”.
Não sei se já comprou a sua bicicleta, meu caro Arménio, mas acho que faz bem. No entanto, quanto à sua segunda afirmação, se calhar, tem razão. Mas, digo-lhe mais. Se Cabo Verde é grande, isto é graças aos seus filhos, como Arménio, Cesária, Suzanna, Tcheca, Lura, Mayra, Manu Preto ou Tito Paris, só para citar alguns.
Por isso, como cabo-verdiano, além de lhe dar os meus parabéns, queria dizer-lhe, poeta Arménio Vieira: obrigado!
Até breve!
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