O YouTube, uma espécie de televisão da net, fundado em 14 de Fevereiro de 2005 (data do resgisto do domínio), está a comemorar o seu quinto aniversário.
Graças à ideia de três jovens - Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karimr (foi quem fez o upload do primeiro vídeo - Me at the Zoo -, onde aparece num jardim zoológico a fazer humor com as trombas dos elefantes) -, hoje, qualquer pessoa pode “fazer televisão”: pode ser o autor, o produtor e o realizador de um vídeo, e, depois, colocá-lo no YouTube. Que ideia genial!
Ora, como tudo na vida, há o reverso da medalha. Qualquer um de nós pode, também, ser o “actor principal” do filme. Ou seja, qualquer pessoa nos pode lá colocar, mesmo contra a nossa vontade. Ninguém escapa. Nem o Papa, nem o Obama e nem tão pouco o Zé (tanto o “Maria” como o “Ninguém”). Ninguém mesmo.
Quando alguém resolve se lembrar de nós (pela melhor ou pior das razões), e esse alguém resolve nos colocar na net, temos pouco ou nada a fazer. Ou recorremos à Justiça ou, simplesmente, fazemos de cegos, surdos e mudos, ponto final.
Podemos, sim, recorrer aos tribunais, mesmo sabendo que será sempre difícil provar a culpabilidade de alguém. Isto é legitimo.
Tentar arranjar culpados já não o é. É que, amanhã, em vez de “vitima”, podemos ser o “culpado”. Corremos o risco de provar o nosso veneno.
Vejam o que se passa, hoje, na política portuguesa. Todos os dias aparecem fugas de informações e manipulações de conversas e vídeos na net, nos jornais e nas TV’s. Sócrates tem sido, de longe, o mais massacrado: o “diploma”, a ”Face Oculta”, o “negócio PT-TVI”, ou o “caso Freeport”. O homem é motivo de chacota, e já virou um habitué na net e nas conversas de café. Alguém o viu a choramingar? Alguém viu o PS acusar o PSD de ser o responsável? Claro que não!
Vejam as caricaturas e cartoons do “caso dos submarinos”, onde estão envolvidas figuras do PSD e do CDS. Viram alguém apontar dedo ao PS? Também não vi!
Vejam o que se passou com o G.W.Bush, na altura, o homem mais poderoso do mundo, mas, quiçá, quem mais sofreu na pele com as “brincadeiras da net”. A última do homem é de fazer rir: foi apanhado a “limpar a mão à camisa de Clinton depois de cumprimentar haitianos”. Esse Bush tem cada uma!
Mais ainda. Vejam o escândalo entre o Vaticano e o Reino Unido por causa de uma brincadeira onde sugere que o “Papa devia lançar a própria marca de preservativos”.
Vejam, agora, o mais irónico de todos (este é só para revivar a memória de alguns falsos moralistas). Passou-se há quase 10 anos, se não estou em erro. Falo da montagem com a imagem da nota do Dólar e rostos de dirigentes do MpD. Na altura, onde estavam o PAICV, o dr. Rui Semedo e o dr. Júlio Correia?
Podia dar mais ene exemplos de novos vídeos (sobre políticos, padres, professores, jogadores de futebol, etc) que todos os dias são bombardeados na net.
Ora pergunto: Porquê tanto alarido por ter aparecido um do Neves? Se calhar, amanhã, aparecerá um do Veiga. Se assim for, o PAICV será, automaticamente, o culpado? Quem garante que a produção do vídeo não surgiu dentro do próprio partido? Pelo que sei, o MpD é adversário do PAI, não inimigo (como diz o povo, os inimigos costumam estar dentro do partido, e não fora). Sinceramente, não consigo perceber tanto rebuliço!
Dir-me-ão que falo assim porque não foi comigo. Se calhar! Mas sei que se, amanhã, aparecer um vídeo sobre mim a dizer que “já fui benfiquista, que já festejei golos do Benfica, etc.”, não vou andar por aí a desatar aos berros, a dizer que foi o Beltrano ou o Sicrano só porque não gosta das minhas crónicas.
Imaginemos agora que aparecia um outro vídeo, mas do Zé Manel, e este vinha acusar o vizinho, Manel Zé, só por causa de terem o mesmo nome, mas trocados. Faz sentido? Temos que nos habituar a levar essas coisas mais na desportiva e com espírito de humor.
Mas, parece que alguns camaradas não sabem lidar com esta nova realidade tecnológica. Que pena!
O sr. líder parlamentar do PAICV, dr. RS, ao acusar, em pleno parlamento, o MpD de ser o responsável pela veiculação na net de um vídeo com “declarações manipuladas” do dr. JMN a dizer que já foi drogado e “thug” mostrou, mais uma vez, que não sabe, não consegue e tem dificuldades em viver neste mundo digital.
É admissivel que, num ambiente de café, um simpatizante do PAI acuse o MpD de ser o “cupaldo”. Mas, ser levado para o parlamento, pelo lider do partido de situação, como um dos “pontos do período antes da ordem do dia”? Aquilo foi de fazer rir, para não chorar.
Ele diz que tem prova. Fala do histórico e percurso do email, onde aparece o nome de alguém do MpD como o principal e primeiro remetente, se bem percebi.
Meu caro RS, digo-lhe que tenho alguma consideração e simpatia pela sua pessoa. Mas, por amor de Deus! Acha que isto é “prova suficiente” para acusar os seus colegas? Não acha que o assunto deveria merecer uma maior serenidade da sua parte? Acha que dignificou a classe política, o parlamento e a nossa jovem democracia? Creio que não! Sabe-o perfeitamente.
Admitamos que tem essas “famosas provas”. Se as tem, que vá ao tribunal. Mas, acusar, de ânimo leve, as pessoas, em plena casa da democracia, não.
Tem a noção do eco que as suas palavras tiveram? Sabia que, como as sessões são transmitidas em directo na rádio (e via net), as suas graves acusações chegaram a todo o mundo, inclusive até à China?
Tenho por mim que o senhor é uma pessoa de bem, e que não o fez por maldade. Sei, também, que o fez, isso sim, para vitimizar o seu camarada, Neves. Fê-lo, isso sim, para tirar dividendos políticos. Mas, meu caro RS, acha que valia a pena? Acha que, na política, tudo vale a pena?
Pena é que o fez da pior forma, da forma mais ataboalhada. Creio que se arrependeu, logo após ter proferido essas graves acusações. Infelizmente (para si e para todos nós), na vida, três coisas não voltam atrás: uma delas é a palavra dita. Todavia, há sempre formas de remediarmos dos nossos erros: pedir desculpa. É o mínimo que, para já, pode fazer.
Do dr. RS, pelo seu timbre, pela forma apaixonada e cega como defende a sua dama, podemos esperar tudo. Confesso, porém, que não estava à espera de uma tamanha patada de um político com tanto traquejo, como é caso. Mas, como essas declarações foram feitas "a quente", no calor dos debates parlamentares, a atitude, se calhar, é perdoável. Às vezes, acontece.
Do outro camarada, JC, já não. Foram pensadas e estão carregadas de alguma maldade e maquiavelismo. Mas quanto a isto, a JpD tomará, com certeza, a melhor decisão.
A geração digital - o email, o msn, o youtube, os onlines, os blogues, o hi5, o twitter ou o facebook - já chegou a Cabo Verde. É a “Geração Google". Das duas, uma: ou entramos nesta grande onda ou continuamos na “Geração Caverna”.
Até breve!
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