Depois de ouvir todo o seu discurso que muitos apelidaram de “excelente”, queria dizer à Vossa Excelência, PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, que a sua citação a um ilustre da literatura portuguesa, Fernando Pessoa (FP), assenta, que nem uma luva, em todo o seu discurso (melhor dizendo, a sua poesia) de encerramento. Afinal, peixe morre pela boca e FP tinha sempre razão, pois, V.Excia tem, também, o direito a “fingir”… Acredito veemente que aquilo tudo foi “a fingir”. Foi tudo um “faz-de-conta”. Acredito que V. Ex.ª fez um declame. Uma prosa. Acredito que não foi o Dr. José Maria Neves, o PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, mas sim, o Sr. Zé Maria, o outro - “o poeta fingidor” e presidente do PAICV
“O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente”, Fernando Pessoa
O encerramento do último congresso dos tambarinas ficou marcado pelo discurso proferido pelo presidente do partido, e também Primeiro-Ministro (PM), Dr. José Maria Neves.
Com a sala repleta, conforme rezam as crónicas, o presidente do PAICV fez, na minha opinião, um bom discurso. Contudo, o Primeiro Ministro de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, não!
Enquanto o líder do PAI “viajava” (passou por Luxemburgo, S.Tomé, Maputo, Lisboa, mulheres, juventude, etc) na sua poesia (verdade seja dita: estava bem delineada), veio-me à memória a reacção que o mesmo tivera, nas vésperas do congresso: instado a comentar um conjunto de críticas feitas pelo presidente do MpD, Dr. Carlos Veiga, sobre a forma como tem conduzido os destinos do país, Neves disse, mais ou menos, assim: “Afinal não são só os poetas que tem direito a fingir, conforme dizia Fernando Pessoa”.
Depois de ouvir todo o seu discurso que muitos apelidaram de “excelente”, queria dizer à Vossa Excelência, PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, que a sua citação a um ilustre da literatura portuguesa, Fernando Pessoa (FP), assenta, que nem uma luva, em todo o seu discurso (melhor dizendo, a sua poesia) de encerramento. Afinal, peixe morre pela boca e FP tinha sempre razão, pois, V.Excia tem, também, o direito a “fingir”.
O poema "Autopsicografia", datado de 27 de Novembro de 1930, diz-nos que o poeta é um fingidor que escreve sobre uma emoção fingida, pensada, feita com a razão e a imaginação, e não com a emoção e o coração. Ou seja, é tudo fruto da imaginação e da fantasia. Um mundo de faz-de-conta, de fingimento. Como se diz em Latim, Fictio fingit vera esse quae vera non sunt (A ficção finge serem verdadeiras as coisas que não são).
Por tudo isto, acredito veemente que aquilo tudo foi “a fingir”. Foi tudo um “faz-de-conta”. Acredito que V. Ex.ª fez um declame. Uma prosa. Acredito que não foi o Dr. José Maria Neves, o PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, mas sim, o Sr. Zé Maria, o outro - “o poeta fingidor” e presidente do PAICV.
Contudo, há uma coisa que lhe tiro o chapéu, Sr. Zé Maria: é a sua capacidade de retórica, o seu paleio, o seu bichinho de poeta. Da mesma forma, também lhe digo que esses adjectivos não ficam nada bem na figura de um PM.
Ora, pergunto: O Primeiro-Ministro de Cabo Verde deve, também, ser poeta? Se calhar até pode. Porém, usar e abusar do discurso poético com o único intuito de meter areia nos olhos das pessoas é inadmissível.
Como jovem, quero que o PM do meu país, o PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, não misture, mas nunca, os ofícios de PM e os de poeta. Um PM “fingidor”, jamais!
Quero um PM que fale claro, sem rodeios e abertamente a todos, e para todos, e nunca se esqueça, p.e, de uma classe tão importante como são os empresários (por que será que em todas as “estrofes” da sua “poesia”, não há sequer um único “verso” dirigido às empresárias cabo-verdianas, aos empresários cabo-verdianos e às empresas cabo-verdianas, verdadeiros viveiros de emprego?).
Digo-lhe mais, Sr. Zé Maria. Sou jovem mas não estou a ver estrelas e nem quero vê-las. Nem a fingir. Quer que lhe diga o que, realmente (e não a fingir), quero ver?
Digo-lhe, sim, Sr. PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos. Digo-lhe, sim, o que todas as jovens cabo-verdianas e todos os jovens cabo-verdianos querem, realmente, ver em Cabo Verde.
Queremos ver, isso sim, mais emprego. Queremos ver, isso sim, mais formação profissional. Queremos ver, isso sim, mais educação. Queremos ver, isso sim, mais bolsas de estudos Queremos ver, isso sim, mais segurança. Queremos ver mais energia, mais água, mais saneamento, mais habitação. Queremos ver menos pobreza, menos desigualdade social, menos delinquência juvenil, menos abuso sexual de menores, menos corrupção, menos droga, etc., etc...
Acima de tudo, Dr. José Maria Neves, queremos ver na kel nos dez granzinhus di terra um PM a sério, real e de verdade
OU TEMOS UM PRIMEIRO-MINISTRO OU TEMOS UM “POETA FINGIDOR”. As duas coisas juntas, não! Porque afinal o poeta tinha sempre razão quando escreveu:
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve/Na dor lida sentem bem/Não as duas que ele teve/Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão/Esse comboio de corda/Que se chama coração.
("Autopsicografia", Fernando Pessoa, in livro “O eu profundo e os outros eus”, página 104)
Até breve!
“O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente”, Fernando Pessoa
O encerramento do último congresso dos tambarinas ficou marcado pelo discurso proferido pelo presidente do partido, e também Primeiro-Ministro (PM), Dr. José Maria Neves.
Com a sala repleta, conforme rezam as crónicas, o presidente do PAICV fez, na minha opinião, um bom discurso. Contudo, o Primeiro Ministro de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, não!
Enquanto o líder do PAI “viajava” (passou por Luxemburgo, S.Tomé, Maputo, Lisboa, mulheres, juventude, etc) na sua poesia (verdade seja dita: estava bem delineada), veio-me à memória a reacção que o mesmo tivera, nas vésperas do congresso: instado a comentar um conjunto de críticas feitas pelo presidente do MpD, Dr. Carlos Veiga, sobre a forma como tem conduzido os destinos do país, Neves disse, mais ou menos, assim: “Afinal não são só os poetas que tem direito a fingir, conforme dizia Fernando Pessoa”.
Depois de ouvir todo o seu discurso que muitos apelidaram de “excelente”, queria dizer à Vossa Excelência, PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, que a sua citação a um ilustre da literatura portuguesa, Fernando Pessoa (FP), assenta, que nem uma luva, em todo o seu discurso (melhor dizendo, a sua poesia) de encerramento. Afinal, peixe morre pela boca e FP tinha sempre razão, pois, V.Excia tem, também, o direito a “fingir”.
O poema "Autopsicografia", datado de 27 de Novembro de 1930, diz-nos que o poeta é um fingidor que escreve sobre uma emoção fingida, pensada, feita com a razão e a imaginação, e não com a emoção e o coração. Ou seja, é tudo fruto da imaginação e da fantasia. Um mundo de faz-de-conta, de fingimento. Como se diz em Latim, Fictio fingit vera esse quae vera non sunt (A ficção finge serem verdadeiras as coisas que não são).
Por tudo isto, acredito veemente que aquilo tudo foi “a fingir”. Foi tudo um “faz-de-conta”. Acredito que V. Ex.ª fez um declame. Uma prosa. Acredito que não foi o Dr. José Maria Neves, o PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, mas sim, o Sr. Zé Maria, o outro - “o poeta fingidor” e presidente do PAICV.
Contudo, há uma coisa que lhe tiro o chapéu, Sr. Zé Maria: é a sua capacidade de retórica, o seu paleio, o seu bichinho de poeta. Da mesma forma, também lhe digo que esses adjectivos não ficam nada bem na figura de um PM.
Ora, pergunto: O Primeiro-Ministro de Cabo Verde deve, também, ser poeta? Se calhar até pode. Porém, usar e abusar do discurso poético com o único intuito de meter areia nos olhos das pessoas é inadmissível.
Como jovem, quero que o PM do meu país, o PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos, não misture, mas nunca, os ofícios de PM e os de poeta. Um PM “fingidor”, jamais!
Quero um PM que fale claro, sem rodeios e abertamente a todos, e para todos, e nunca se esqueça, p.e, de uma classe tão importante como são os empresários (por que será que em todas as “estrofes” da sua “poesia”, não há sequer um único “verso” dirigido às empresárias cabo-verdianas, aos empresários cabo-verdianos e às empresas cabo-verdianas, verdadeiros viveiros de emprego?).
Digo-lhe mais, Sr. Zé Maria. Sou jovem mas não estou a ver estrelas e nem quero vê-las. Nem a fingir. Quer que lhe diga o que, realmente (e não a fingir), quero ver?
Digo-lhe, sim, Sr. PM de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos. Digo-lhe, sim, o que todas as jovens cabo-verdianas e todos os jovens cabo-verdianos querem, realmente, ver em Cabo Verde.
Queremos ver, isso sim, mais emprego. Queremos ver, isso sim, mais formação profissional. Queremos ver, isso sim, mais educação. Queremos ver, isso sim, mais bolsas de estudos Queremos ver, isso sim, mais segurança. Queremos ver mais energia, mais água, mais saneamento, mais habitação. Queremos ver menos pobreza, menos desigualdade social, menos delinquência juvenil, menos abuso sexual de menores, menos corrupção, menos droga, etc., etc...
Acima de tudo, Dr. José Maria Neves, queremos ver na kel nos dez granzinhus di terra um PM a sério, real e de verdade
OU TEMOS UM PRIMEIRO-MINISTRO OU TEMOS UM “POETA FINGIDOR”. As duas coisas juntas, não! Porque afinal o poeta tinha sempre razão quando escreveu:
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve/Na dor lida sentem bem/Não as duas que ele teve/Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão/Esse comboio de corda/Que se chama coração.
("Autopsicografia", Fernando Pessoa, in livro “O eu profundo e os outros eus”, página 104)
Até breve!
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