quarta-feira, janeiro 06, 2010

EM 2011 CHICOTADA POLITICA, SIM OU NÃO? *

Se falhar na segurança, na energia, na justiça, na política económica (crescimento de 3% em vez de dois dígitos), na criação de postos de trabalho (desemprego está em 22%, no geral, e 46% entre os jovens), significar não ter resultados, o treinador deve sair e ser substituído!


A política e o futebol, duas das paixões de uma esmagadora maioria de pessoas (onde me incluo), pelo facto de ambos mexerem com multidões e serem movidos de vários sentimentos e objectivos em comum, nomeadamente a emoção e o resultado, chegam algumas vezes a se confundirem.

Tirando aquelas duas velhas máximas - pode-se mudar de partido político mas de equipa de futebol, nunca, jamais, e que no futebol quem decide são os “Pintos da Costa” enquanto na política é o povo quem mais ordena - o futebol é em muito semelhante a política: o que conta é bola na rede, no caso de futebol, e o bem-estar da população, na política.

Penso até que não seria exagero da minha parte, se dissesse que a sociedade actual não conseguiria viver sem esses dois fenómenos de massa.

Por isso é que discordo dos que defendem que, quer a política quer o futebol, por se tratar de temas polémicos, não deviam ser discutidos.

Mas por que carga de água é que esses assuntos devem ser tabus? Quando as pessoas, à partida, já têm preconceitos, é desaconselhável, claro! Sem fanatismos, com tolerância e respeito mútuo, uma boa dose de discussão em torno de uma equipa de futebol ou de um partido político, sempre faz bem.

Por isso, hoje, caro leitor, vou falar-lhe, sim, de política e de futebol, em vez de energia (a minha outra paixão).

No Desporto Rei, uma equipa pode jogar o melhor futebol do mundo, o mais vistoso, com a melhor táctica - num 4x3x3 igual ao meu FCPorto, num 4x4x2 losango como fazia o Sporting de Paulo Bento, ou num 3x5x2 do tempo do Ajax e da “laranja mecânica” -, mas se não marca golos (pode até ser com a mão, como fizeram o Vata, o Maradona ou, recentemente, o Henry), se não ganha, os adeptos pedem a cabeça do treinador e é despedido, ponto final.

O futebol sempre foi fértil em invenções de conceitos. No entanto, no “futebolês” (“dicionário” do futebol) destacaria um em especial, muito utilizado quando as coisas correm pelo torto: a chamada CHICOTADA PSICOLÓGICA!

Para os “não ligados” ao futebol, trocando por miúdos, CHICOTADA PSICOLÓGICA é “correr com o treinador” por falta de resultados.

Se se fizer uma analogia entre o futebol e a política, ou melhor entre o futebolês e o politiquez - “dicionário” da política -, chama-la-ia de “CHICOTADA POLÍTICA”? Vamos admitir que sim!

Neste paralelismo, quer isto dizer que, na política, o cargo de “treinador” é desempenhado, nada mais, nada menos, pelo Primeiro-ministro. Assim sendo, deve ser avaliado em função dos resultados, assim como acontece no futebol: se estes forem favoráveis, fica; caso contrário, deve ser “chicoteado” politicamente.

Tudo isto vem a propósito da escolha, em 2011, do Primeiro-ministro. Não obstante ser um cargo de incomparável maior responsabilidade, faz-me lembrar a clássica escolha do futebol: quem deve ser o treinador?

Veiga foi “treinador” de Cabo Verde durante (quase) 10 anos, e saiu pelos próprios pés e pela porta grande. Depois da retirada após um fim de ciclo, candidaturas presidenciais pelo meio e um bom período de descanso da política, quer voltar a orientar o país.

Neves é quem, neste momento, conduz o destino da equipa, melhor dizendo, do país. Treinador há 9 anos, quer continuar no cargo, quando, se calhar e pelos resultados conseguidos (taxa de desemprego, défice elevado, segurança publica, etc, etc), um refrescamento de ideias e um recarregamento de baterias (parece mais cansado!), cair-lhe-iam tão bem, e, depois, quiçá com melhores ideias poderia pensar num regresso.

Em 2011, o povo das ilhas será chamado para decidir o destino do seu país: quem deve ser o novo “treinador” (leia-se, Primeiro-ministro)!

Livremente e em consciência, cada um terá que avaliar os resultados do chefe da actual “equipa técnica”, mas somente em função dos resultados, e não por ser do Partido A, ser fulano B ou “ter olhos azuis”.

Como adepto, ou melhor, como eleitor e com o seu voto, o povo sempre soube fazer bem a escolha entre o “ter” e o “não ter” resultados.

Desta vez, o dilema será escolher entre estes dois “ses”:

• Se ter um país dotado de algumas infra-estruturas (estradas, aeroportos, centros de saúde), com uma boa posição no ranking, boa política externa (embora neste aspecto Cabo Verde sempre foi bem cotado nos sucessivos governos), com um estatuto de país de rendimento médio, significar ter resultados, o treinador deve ficar!?

• Se falhar na segurança, na energia, na justiça, na política económica (crescimento de 3% em vez de dois dígitos), na criação de postos de trabalho (desemprego está em 22%, no geral, e 46% entre os jovens), significar não ter resultados, o treinador deve sair e ser substituído!

Diria que, em 2011, o que vai estar em jogo é: chicotada política, sim ou não?

Qual vai ser o resultado? Prognóstico só no fim do jogo, como dizia o grande capitão João Pinto.

Até breve!

*Dedico este artigo a todos os amantes e “não amantes” da política e do futebol.

1 comentários:

Carlos Gomes disse...

Excelente artigo. Gostei do teu blog!
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Carlos/

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