Todos nós, no nosso dia-a-dia, sentimos e vivemos, em CV, o clima de insegurança. Quase todos nós temos um irmão, um primo, um amigo, um filho, ou um familiar que foi assaltado. Alguns de nós até já presenciou assassinato, inclusive à luz do dia. Se diz que está tudo bem por que é que convoca, pela primeira vez, o Conselho da Segurança Nacional? Para, afinal, descobrir que é tudo fantasia? Um contra-senso! Das duas, uma: ou o PM disse aquilo tudo a brincar, o que é grave visto tratar-se de um assunto sério, ou vive num outro mundo
Se há matéria que merece ser tratada com sentido de estado e muita responsabilidade é, indubitavelmente, a segurança de um país.
Todo cidadão tem esse dever e essa obrigação. Todavia, essas responsabilidades acrescem, ainda mais, quando esse cidadão é, também, o Primeiro-Ministro (PM).
As declarações proferidas pelo PM, Dr. José Maria Neves, no final da última reunião do Conselho da Segurança Nacional, que foi marcada com urgência, vieram demonstrar que tudo isto não se aplica em Cabo Verde.
Quando tudo previa que, no final, o governo iria apresentar ao país um plano de combate à criminalidade e à delinquência infantil, eis que o chefe do governo, Neves, resolve, mais uma vez, tirar mais um coelho da cartola para dizer que “há muito sensacionalismo em relação aos actos de violência que acabam por atingir níveis de espectacularidade e criar uma sensação de que há efectivamente níveis elevados de violência em Cabo Verde”.
Fiquei boquiaberto. É de tamanha gravidade ouvir o PM do meu país, responsável máximo pela seguranca proferir essas palavras. Pensava que o PM já não me surpreendia mais. Enganei-me!
Em vez de admitir que a insegurança é real, não, preferiu colocar os interesses partidários e pessoais à frente dos do país e dos cidadãos, tentanto tapar o sol com a peneira.
Em vez de admitir o falhanço do governo na questão da segurança, não, quis desvalorizar a situação actual e desculpar-se dizendo que é tudo fictício e fruto da nossa imaginação.
Ironia do destino, ou talvez não, é que nesse dia (ou um dia antes), a capital do país acordava com a notícia de mais um assassinato, e, três dias depois, um corpo de um taxista era encontrado morto numa lixeira. Até já se perdeu a conta mas, pelos vistos, é tudo ficção.
Todos nós, no nosso dia-a-dia, sentimos e vivemos, em CV, o clima de insegurança. Quase todos nós temos um irmão, um primo, um amigo, um filho, ou um familiar que foi assaltado. Alguns de nós até já presenciou assassinato, inclusive à luz do dia.
Se diz que está tudo bem por que é que convoca, pela primeira vez, o Conselho da Segurança Nacional? Para, afinal, descobrir que é tudo fantasia? Um contra-senso!
Das duas, uma: ou o PM disse aquilo tudo a brincar, o que é grave visto tratar-se de um assunto sério, ou vive num outro mundo.
O mais grave ainda é quando o senhor Primeiro Ministro recorre à estatística (já agora, estava a referir-se a que estatística?) para provar que tem razão. A segurança deve ser tratada com essa ligeireza? A vida das pessoas pode ser tratada assim, de ânimo leve, como meros números?
O PM não ficou por ali. Comparou o nível de violência em CV com outros países. Estava a referir-se a Tchade ou a Sudão? Inacreditável!
A tese do senhor PM tinha os seus dias contados. Dias depois, na Assomada, Neves, tendo-se apercebido da gaffe, deu o dito por não dito, voltando a assumir que a violência existe na sociedade cabo-verdiana. Afinal, em que é que ficamos?
Depois dessas sucessivas declarações infelizes e contraditórias, o mínimo que se exige ao PM é um pedido de desculpas. Os cabo-verdianos e todas as vítimas desta insegurança merecem ser tratados com mais respeito.
Na política não vale tudo. A política deve ser feita com nobreza e sentido de responsabilidade, e não à custa de tudo e de todos, mormente da segurança e da vida das pessoas.
Infelizmente, não é isso que fez o Primeiro-Ministro de Cabo Verde.
Até breve!
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